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Venezuelana Maria Corina Machado ganha Nobel da Paz

Comitê reconhece luta da conservadora contra o regime de Nicolás Maduro; Trump, que também pleiteava o prêmio, não foi escolhido

Por JB Internacional, com Agência Reuters
redacao@jb.com.br
Publicado em 10/10/2025 às 08h45 — Atualizado em 10/10/2025 às 08h51

Maria Corina Machado, líder da oposição venezuelana, durante comício de encerramento da campanha presidencial em Caracas — Foto: Reuters/Leonardo Fernandez Viloria


A líder da oposição venezuelana Maria Corina Machado, de 58 anos, venceu o Prêmio Nobel da Paz de 2025 nesta sexta-feira (10), em reconhecimento à sua luta contra o regime autoritário do presidente Nicolás Maduro.

A escolha ocorre apesar das insistentes declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que afirmava merecer o prêmio por sua atuação em acordos de paz internacionais.

“Quando os autoritários tomam o poder, é crucial reconhecer os corajosos defensores da liberdade que se levantam e resistem”, destacou o Comitê Norueguês do Nobel, ao anunciar o prêmio em Oslo.


Impedida de disputar eleições, mas símbolo da resistência

Engenheira industrial, Machado foi impedida em 2024 pelos tribunais venezuelanos de concorrer à Presidência da República, o que a impediu de desafiar Maduro, no poder desde 2013.

Mesmo assim, continuou ativa na política, apoiando a candidatura do ex-embaixador Edmundo González, que se tornou o principal nome da oposição. Durante a campanha, atraiu grandes multidões, embora tenha sofrido forte repressão do governo.

Vários de seus aliados foram presos, e seis membros de sua equipe buscaram refúgio na embaixada da Argentina após mandados de prisão emitidos por promotores venezuelanos.

“Ela disse que foi esmagador e que este é um prêmio para todo um movimento — o movimento na Venezuela que lutou pela democracia”, afirmou Kristian Berg Harpviken, secretário do Comitê Nobel, que conversou com Machado por telefone antes do anúncio oficial.

Ainda não está confirmado se ela poderá comparecer à cerimônia de premiação em Oslo, em 10 de dezembro. Machado é a primeira venezuelana e a sexta latino-americana a conquistar o Nobel da Paz.

O Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU elogiou a escolha, chamando-a de “reconhecimento das aspirações do povo venezuelano por eleições livres e justas”.


A reação internacional e o papel dos EUA

A entrega do prêmio ocorre em meio à forte tensão entre os Estados Unidos e a Venezuela. Washington tem sido um dos principais apoiadores da oposição venezuelana, impondo sanções ao governo de Maduro e oferecendo respaldo político a seus opositores.

“O comitê demonstrou mais uma vez sua independência, sem se deixar influenciar por pressões de líderes políticos ou pela opinião pública”, avaliou Halvard Leira, diretor do Instituto Norueguês de Assuntos Internacionais.

Segundo ele, embora Trump possa interpretar a decisão de forma pessoal, o prêmio reflete uma causa amplamente apoiada pelos EUA ao longo dos anos.


Trump e o Nobel: frustração e contexto geopolítico

O nome de Donald Trump dominou as especulações que antecederam o anúncio, já que o ex-presidente vinha promovendo publicamente sua candidatura ao prêmio, alegando papel decisivo em negociações de paz no Oriente Médio.

No entanto, o comitê norueguês já havia definido sua decisão antes do anúncio do cessar-fogo em Gaza, parte de uma iniciativa de Trump para encerrar o conflito entre Israel e o Hamas.

Especialistas consideraram improvável a vitória de Trump, apontando que suas políticas são vistas como um desafio à ordem internacional que o prêmio busca defender.