Dados do governo americano mostram aceleração da inflação em junho; medidas protecionistas e demissões em massa elevam incerteza sobre economia dos EUA
Washington – As primeiras consequências da política tarifária adotada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já se refletem nos principais indicadores econômicos do país. Segundo o Departamento de Estatísticas do Trabalho, a inflação ao consumidor (CPI) subiu 2,7% em junho, na comparação com o mesmo mês de 2024 — a maior alta desde fevereiro e acima dos 2,4% registrados em maio.
O avanço surpreendeu o mercado e aumentou a pressão sobre a Casa Branca. A alta nos preços ocorre em meio a uma guerra comercial deflagrada pelo governo norte-americano, que impôs tarifas elevadas sobre produtos de parceiros estratégicos, incluindo Brasil, União Europeia, México e Japão.
Setores afetados
Os setores mais atingidos são justamente os que dependem de insumos importados. O preço dos eletrodomésticos subiu 1,9% em junho (ante 0,8% em maio), enquanto os móveis aumentaram 1% e as roupas, 0,4%. A inflação núcleo, que exclui itens voláteis como energia e alimentos, também acelerou: alta de 2,9% em relação a junho de 2024.
Economistas avaliam que os efeitos das tarifas já se espalham por toda a cadeia de consumo nos Estados Unidos, elevando os custos para empresas e famílias. Entre os produtos mais impactados estão café, carne bovina e suco de laranja, importantes itens da pauta de exportação brasileira. No caso do café, por exemplo, o preço médio de 450g saltou de US$ 5,99 em 2024 para US$ 7,93 em maio de 2025, pressionado também pela quebra de safra no Brasil e no Vietnã.
Risco de recessão
A medida mais polêmica anunciada recentemente foi a ameaça de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto. Especialistas alertam que, caso o tarifaço se concretize e seja ampliado para outros países, como Canadá, Coreia do Sul e Tailândia, o resultado pode ser uma queda no consumo interno e risco de recessão nos EUA.
Cortes no funcionalismo
Paralelamente ao aumento da inflação, o governo Trump também implementou um amplo plano de corte de gastos públicos. Após autorização da Suprema Corte, o Departamento de Saúde confirmou a demissão de cerca de 10 mil servidores, além da saída voluntária de outros 10 mil. A redução de pessoal representa cerca de 25% da força de trabalho da pasta. O Departamento de Educação também recebeu aval para demitir aproximadamente 1.400 funcionários.
Essas medidas integram a estratégia da Casa Branca de redução da máquina federal e descentralização da gestão pública. No entanto, analistas alertam que os cortes podem comprometer a oferta de serviços essenciais à população, em especial em áreas como saúde e educação, agravando os impactos sociais em um momento de elevação do custo de vida.





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