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Igrejinha de Fátima celebra 67 anos como símbolo da fé e da arquitetura em Brasília

Primeiro templo de Brasília, Igrejinha de Fátima celebra 67 anos como ícone da fé e da arquitetura

Com uma história que mistura devoção, arte e a própria construção de Brasília, a Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, na Asa Sul, completa 67 anos neste sábado (28/6). Pequena em tamanho, mas enorme em significado, o templo foi erguido em tempo recorde e se tornou referência espiritual, cultural e arquitetônica da capital federal.

A origem da capela remonta a uma promessa feita por Sarah Kubitschek, esposa do presidente Juscelino. Diante da doença da filha Márcia, que corria o risco de nunca mais andar, Sarah prometeu erguer uma igreja dedicada a Nossa Senhora de Fátima, caso a filha se recuperasse. A promessa foi cumprida. Em apenas 100 dias, a pequena capela foi construída e inaugurada em 1958, dois anos antes da fundação oficial de Brasília.

“Minha mãe passou um ano acamada. Foi um período difícil para a família. Mas, quando se curou, minha avó cumpriu o que prometeu. A Igrejinha representa esse milagre”, relembra Anna Christina Kubitschek, neta de Juscelino e Sarah.

Uma joia modernista

Projetada por Oscar Niemeyer, com azulejos de Athos Bulcão, a Igrejinha se destaca pela simplicidade das formas e pela riqueza simbólica. Os traços arquitetônicos remetem ao véu de freiras, enquanto os azulejos representam o Espírito Santo e a Estrela de Belém. Elementos que traduzem espiritualidade com estética moderna.

A professora Ana Paula Campos, da Universidade de Brasília (UnB), ressalta como a capela é exemplo da harmonia entre arte e arquitetura religiosa. “É um espaço que comunica fé de forma sutil e moderna. A linguagem visual escolhida se conecta com a cidade que nascia sob o espírito da inovação”, diz.

A construção foi reconhecida internacionalmente. Em 1987, a Organização das Nações Unidas (Unesco) tombou o templo como patrimônio histórico e cultural.

Mais que um templo, um elo afetivo

A Igrejinha não é apenas parte da história urbana de Brasília — é também um espaço de afetos. Desde sua inauguração, tem sido palco de batizados, casamentos e encontros espirituais que marcam a vida de milhares de pessoas.

Foi lá, por exemplo, que a advogada Paula Alvim e o engenheiro Luiz Felipe Barbosa oficializaram a união religiosa em junho de 2022. Com apenas 30 convidados, a cerimônia teve um clima intimista, marcado por simbolismos e pela presença do avô da noiva, já debilitado pela demência. “Foi a última vez que meu avô participou de uma missa. Aquela manhã foi inesquecível”, conta Paula, emocionada.

Desde então, o casal cultiva uma forte conexão com o templo. “Não tínhamos um vínculo anterior, mas criamos uma memória afetiva profunda. A Igrejinha agora faz parte da nossa história”, afirma.

Espaço de fé e acolhimento

Para o frei Moacir Casagrande, ministro provincial dos Capuchinhos no Brasil Central, a Igrejinha tem um papel que vai além da religiosidade. “É um símbolo da presença cristã em Brasília desde antes da cidade nascer oficialmente. Sua inauguração antecipada foi um sinal da importância da fé no projeto da nova capital”, comenta.

Segundo ele, o acolhimento e a simplicidade do espaço criam um ambiente especial. “É um templo que abraça. As pessoas se sentem próximas, tanto de Deus quanto umas das outras. Isso explica por que tantos continuam procurando esse lugar ao longo das décadas.”

A missa das 7h de domingo é transmitida há anos pela Rádio Nacional, alcançando milhares de ouvintes no Brasil e no exterior.

De promessa a patrimônio

O início da história da Igrejinha está diretamente ligado à fé de uma mãe. Mas, com o passar do tempo, ela se transformou num ponto de encontro entre arquitetura, religiosidade e história da capital. Seja para turistas encantados  com a beleza modernista, seja para brasilienses que a frequentam há décadas, a Igrejinha Nossa Senhora de Fátima permanece viva na memória coletiva da cidade.

Fonte: Correio Braziliense.