O Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) anunciou nesta terça-feira (15) a abertura de uma investigação comercial contra o Brasil, atendendo a um pedido do presidente norte-americano, Donald Trump. A decisão ocorre seis dias após o republicano anunciar tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras, medida que entra em vigor no próximo dia 1º de agosto.
A investigação foi iniciada com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974, dispositivo legal que permite ao governo americano apurar práticas comerciais consideradas desleais por países estrangeiros. Entre os temas citados pelo USTR estão propriedade intelectual, comércio, meio ambiente, etanol e corrupção. No entanto, o documento oficial divulgado não apresenta provas concretas para as acusações feitas.
Segundo o representante comercial dos EUA, embaixador Jamieson Greer, a medida foi tomada “por orientação do presidente Trump”, com foco em supostas ações do Brasil que estariam prejudicando empresas de mídia social norte-americanas e outros setores econômicos dos Estados Unidos.
Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no dia 9 de julho, Trump afirmou que a imposição das tarifas se deve, em parte, ao processo judicial envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro. A carta também teria relação indireta com o crescimento do BRICS, bloco formado por países emergentes que vêm defendendo uma nova ordem econômica global, menos dependente dos Estados Unidos.
O governo americano também acusa o Brasil de aplicar tarifas reduzidas a parceiros estratégicos, dificultando a competitividade de produtos norte-americanos. Entre as reclamações, o USTR destaca a elevação das tarifas sobre o etanol dos EUA e aponta falhas na proteção à propriedade intelectual, além de alegar que o Brasil não estaria cumprindo adequadamente suas leis ambientais, afetando produtores americanos de madeira e produtos agrícolas.
Em resposta, o governo brasileiro estuda medidas diplomáticas e deve encaminhar nos próximos dias uma carta oficial à Casa Branca. Integrantes do Planalto classificam a decisão como uma retaliação política e prometem defender a soberania nacional no cenário internacional.
A tensão entre os dois países se intensifica no momento em que Lula registra leve melhora em sua aprovação popular, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (16). O levantamento mostra que a aprovação do presidente subiu de 40% para 43%, enquanto a desaprovação caiu de 57% para 53%, impulsionada justamente por sua postura diante da ofensiva americana.





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