A nova taxação de 50% imposta pelo governo dos EUA a produtos brasileiros pode atingir com mais força estados que deram maioria a Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. A medida, oficializada por decreto na quarta-feira (30/7), afeta diretamente a economia de regiões como São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro — responsáveis por mais de 80% das exportações brasileiras aos EUA.
Embora o decreto preveja isenções para 694 produtos, como petróleo, aviões e alguns itens químicos e energéticos, segmentos como carne, frutas e café — principais commodities exportadas pelos estados citados — ficaram de fora da lista. A Câmara Americana de Comércio no Brasil (Amcham Brasil) estima que 43,4% das exportações escapam da tarifa. O restante, porém, sofre impacto direto na competitividade.
A justificativa de Trump para a medida incluiu críticas à Justiça brasileira pelo tratamento a Bolsonaro em processos judiciais, o que abriu margem para especulações políticas. Em publicação nas redes sociais, o ex-presidente brasileiro sugeriu que uma eventual anistia poderia reverter o cenário. Seu filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, hoje nos EUA, defendeu publicamente a taxação como resposta “legítima” às “agressões” do governo Lula aos interesses americanos.
A retaliação americana repercutiu mal entre lideranças políticas e setores econômicos. Governadores de estados potencialmente mais prejudicados — como Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG) e Ratinho Jr. (PR) — criticaram a postura do governo federal, acusando-o de falta de articulação com Washington. Já Eduardo Leite (RS) foi mais duro com os Bolsonaro, classificando como “imperdoável” a atuação da família nos EUA para pressionar por sanções ao STF e interesses pessoais.
Cientistas políticos apontam que o episódio desgasta a imagem do bolsonarismo entre empresários e aliados, abrindo espaço para outras lideranças à direita se distanciarem do ex-presidente. Pesquisas apontam que a maioria da população não acredita que Trump conseguirá reverter a inelegibilidade de Bolsonaro, e há sinais de recuperação na popularidade de Lula, ao menos no curto prazo.
Ainda assim, analistas alertam que os efeitos econômicos concretos do tarifaço podem pesar mais adiante e colocar o governo federal sob nova pressão — principalmente se setores estratégicos perderem mercado internacional e emprego.
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