A decisão de Donald Trump de suspender a sobretaxa de 40% sobre produtos brasileiros — como carne, café, cacau, frutas e açaí — repercutiu amplamente na imprensa internacional, que relacionou o recuo ao impacto do custo de vida na política interna dos Estados Unidos.
A Reuters destacou que a inflação dos alimentos tem afetado duramente a popularidade do presidente. Segundo a agência, índices de aprovação de Trump caíram ao menor nível desde o seu retorno ao poder. Para o veículo, o recuo nas tarifas faz parte de uma estratégia do governo para reduzir a pressão sobre os preços e tentar reverter a perda de apoio.
O jornal espanhol El País afirmou que Trump deu início a uma revisão de sua política comercial, reconhecendo — ainda que indiretamente — que o aumento do custo de vida se tornou crucial para o debate público. A publicação menciona a recente vitória do socialista Zohran Mamdani na eleição para a prefeitura de Nova York, cuja campanha foi centrada justamente na agenda do custo de vida.
Segundo o jornal, a Casa Branca buscava medidas para aliviar os preços antes do Dia de Ação de Graças, período sensível para o consumo nos EUA.
Na Argentina, o La Nación avaliou que a suspensão das tarifas representa uma tentativa de reduzir custos para os consumidores americanos após o governo sofrer derrotas políticas em pleitos locais. O jornal também apontou que o tarifaço vinha pressionando os preços e que o recuo marca um abrandamento da tensão comercial com o Brasil.
Já o português Público destacou a “boa química” entre Trump e Lula na cúpula da ONU. O veículo afirmou que a decisão coloca o Brasil entre os países menos afetados pela política tarifária americana e observou que o governo brasileiro não precisou fazer concessões para obter o alívio.
De maneira geral, os jornais internacionais convergem na interpretação de que o fator determinante para o recuo de Trump foi o impacto econômico interno — especialmente a inflação e o custo de vida — mais do que um gesto isolado de aproximação diplomática.
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