Tensões comerciais entre Washington e Pequim fortalecem produtores brasileiros e afetam economia agrícola norte-americana
A China interrompeu a compra de soja dos Estados Unidos, abrindo espaço para o Brasil assumir o protagonismo nas exportações do grão. O alerta foi feito pela American Farm Bureau Federation (AFBF), entidade agrícola que representa mais de seis milhões de produtores norte-americanos.
De acordo com relatório divulgado nesta terça-feira (7), as exportações de soja dos EUA para a China caíram 78% entre janeiro e agosto de 2025, em comparação ao mesmo período de 2024. O recuo ocorre em meio à escalada da guerra tarifária entre as duas maiores economias do mundo, intensificada após o governo chinês impor tarifas de cerca de 20% sobre a soja norte-americana.
Mesmo com a redução das importações dos Estados Unidos, a China manteve um volume recorde de compras do produto, concentrando-se agora em fornecedores como Brasil e Argentina.
“Mesmo com preços competitivos, a China vem reduzindo constantemente sua dependência dos EUA e fortalecendo suas parcerias com o Brasil”, destacou o relatório assinado pela economista Faith Parum.
A entidade também projeta que as exportações agrícolas americanas para a China devem cair 30% em 2025, totalizando US$ 17 bilhões, e podem chegar a apenas US$ 9 bilhões em 2026, o menor nível desde a guerra comercial de 2018.
Os impactos já são sentidos nos campos norte-americanos. Segundo dados oficiais, as falências de fazendas nos EUA atingiram o maior nível desde 2021, reflexo direto da queda nas receitas agrícolas, mesmo com colheitas robustas de milho, soja e trigo.
Diante da crise, o governo dos Estados Unidos avalia lançar um pacote de US$ 15 bilhões para apoiar o setor rural. Fontes ligadas à Casa Branca informaram à CNN que as discussões envolvem os Departamentos de Agricultura e do Tesouro e buscam definir a melhor estratégia para conter os prejuízos.
A soja se tornou símbolo da delicada situação enfrentada pela economia agrícola americana durante o segundo mandato de Donald Trump, que tenta equilibrar o protecionismo comercial com a necessidade de manter a competitividade no mercado internacional.





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