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Brasil protegerá 140 milhões da dengue com superfábrica de mosquitos

 

Por Sebastian Rocandio — A maior biofábrica do mundo para reprodução de mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia, técnica usada por pesquisadores para combater a dengue, deve proteger cerca de 140 milhões de pessoas da doença no Brasil nos próximos anos, segundo a empresa responsável pelo projeto.

A Wolbito do Brasil, apoiada e utilizada exclusivamente pelo Ministério da Saúde, foi inaugurada em Curitiba em 19 de julho. Fruto de uma parceria entre o Programa Mundial do Mosquito, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), a fábrica é capaz de produzir 100 milhões de ovos de mosquitos por semana.

“A Wolbito do Brasil será capaz de proteger cerca de 7 milhões de pessoas a cada seis meses”, afirmou Luciano Moreira, presidente-executivo da empresa.

A dengue — conhecida popularmente como “febre quebra-ossos” por causa das dores intensas que provoca — é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que infecta centenas de milhões de pessoas todos os anos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Casos graves podem ser fatais. Em 2024, 6.297 pessoas morreram de dengue no Brasil, o pior número já registrado, de acordo com a OMS.

A bactéria Wolbachia impede que os mosquitos transmitam dengue e outras doenças, como zika e chikungunya. A técnica consiste em liberar mosquitos criados em laboratório e infectados com a bactéria, que se reproduzem com os mosquitos locais e transmitem a Wolbachia, bloqueando a transmissão dos vírus.

Desde 2014, o método já protegeu mais de 5 milhões de pessoas em oito cidades brasileiras, segundo o Ministério da Saúde.

“A Wolbachia só vive dentro de células de insetos. Se o inseto morre, ela morre também”, explica Antonio Brandão, gerente de produção da Wolbito. “Ela está presente em mais de 60% dos insetos na natureza e, durante séculos, nunca tivemos nenhuma interação com humanos.”

Com a expansão da fábrica, carros carregados de mosquitos infectados percorrem áreas com alto índice de dengue, liberando os insetos com o apertar de um botão.

“A área escolhida dentro do município é baseada nos casos de dengue. Os bairros com maior incidência são priorizados”, afirma Tamila Kleine, coordenadora regional de operações da Wolbito do Brasil.


Tags: Brasil | Dengue | Fábrica de mosquitos | Ciência | Saúde Pública