TFFF propõe novo modelo de financiamento global que valoriza florestas em pé e garante renda permanente aos países tropicais; fundo será lançado oficialmente na COP30, em Belém.
O Brasil foi anunciado como um dos finalistas do Prêmio Earthshot 2025, com o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), uma iniciativa inédita liderada pelo governo brasileiro. O prêmio, criado pelo Príncipe William, do Reino Unido, reconhece soluções inovadoras para os maiores desafios ambientais do planeta.
Descrito como a inovação financeira mais ambiciosa já proposta para a proteção florestal, o TFFF estabelece um novo modelo de financiamento global baseado em investimentos e não em doações. O objetivo é atribuir valor real às florestas em pé, garantindo remuneração estável e permanente aos países tropicais que se comprometerem com sua conservação.
A meta é criar um fundo global de US$ 125 bilhões — sendo US$ 25 bilhões oriundos de investimentos soberanos e US$ 100 bilhões da iniciativa privada — que possa beneficiar mais de 70 países e proteger mais de 1 bilhão de hectares de floresta. Pelo menos 20% dos recursos destinados a cada país deverão ser canalizados a Povos Indígenas e Comunidades Locais, reconhecidos como os principais guardiões das florestas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, durante a Assembleia Geral da ONU, em setembro, o compromisso inicial do Brasil com US$ 1 bilhão, condicionando a operacionalização do fundo à adesão de outros países. “O Brasil vai liderar pelo exemplo. O TFFF não é caridade, é um investimento no planeta e na humanidade, contra o caos climático”, declarou Lula.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, destacou a importância do fundo: “Precisamos redefinir o valor das florestas tropicais. Ser finalista do Prêmio Earthshot ajuda a ampliar a conscientização global e atrair investimentos públicos e privados”.
O TFFF será oficialmente lançado durante a COP30, em novembro de 2025, em Belém (PA), na região amazônica. A iniciativa foi desenvolvida em parceria com dez países — cinco florestais (Colômbia, Indonésia, Malásia, Gana e República Democrática do Congo) e cinco financiadores em potencial (Noruega, Alemanha, Reino Unido, Emirados Árabes Unidos e França) — além de representantes de povos indígenas e organizações da sociedade civil.
Diferente de mecanismos de financiamento baseados em doações, o TFFF funcionará como um fundo soberano: os aportes serão investidos em ativos financeiros de baixo risco e longo prazo, com critérios rigorosos de sustentabilidade. Os rendimentos obtidos serão distribuídos anualmente aos países que mantiverem taxas de desmatamento abaixo da média global.
Jason Knauf, CEO do Earthshot Prize, destacou o papel transformador da proposta: “O TFFF oferece uma chance única de tornar as florestas vivas mais valiosas do que as mortas, garantindo apoio direto aos povos que vivem e protegem esses ecossistemas”.
Os vencedores do Prêmio Earthshot serão anunciados ainda este ano. O conselho do prêmio é presidido por Christiana Figueres, arquiteta do Acordo de Paris, e inclui nomes como a Rainha Rania Al Abdullah, Cate Blanchett, José Andrés, Luisa Neubauer e Ngozi Okonjo-Iweala.





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