Enquanto o mundo foca nos carros elétricos, pesquisa internacional coordenada por brasileiro revela que a matriz energética limpa do país, com os biocombustíveis, é um caminho viável e mais barato para a descarbonização.
Por: Paulo Duarte, Coordenador da TV Voz de Brasília
BRASÍLIA, DF – A transição para uma mobilidade de baixo carbono não é uma estrada única, pavimentada apenas por carros elétricos. Um estudo internacional de ponta, coordenado por um pesquisador brasileiro, concluiu que o Brasil possui um ativo estratégico de valor inestimável: seu programa de biocombustíveis. A pesquisa, publicada na renomada revista Nature Communications, demonstra que o país pode cumprir suas metas climáticas para o setor de transportes de forma mais eficiente e com menor custo investindo numa matriz diversificada, onde o etanol e o biodiesel têm papel de destaque, sem depender exclusivamente da eletrificação da frota.

O trabalho, liderado pelo cientista brasileiro Pedro Rochedo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em colaboração com instituições da Alemanha e da Suécia, utilizou modelos computacionais complexos para simular diferentes caminhos para o Brasil atingir a neutralidade de carbono no setor de transportes até 2050. O cenário mais vantajoso, segundo os dados, não é aquele com uma frota 100% elétrica, mas sim um que combina a evolução dos veículos híbridos flex – movidos a eletricidade, gasolina e etanol – com a contínua expansão da produção de biocombustíveis.
A Força do Híbrido Flex: O Melhor dos Dois Mundos
O grande trunfo do Brasil, destacado no estudo, é sua tecnologia já dominada e amplamente difundida: a motorização flex. A evolução natural desses veículos para versões híbridas é apontada como a chave para um futuro sustentável. Um carro híbrido flex permite que o motorista rode predominantemente no modo elétrico para deslocamentos urbanos, utilizando a bateria, e recorra ao etanol – um combustível renovável com balanço de carbono muito favorável – em viagens mais longas ou quando a infraestrutura de recarga não estiver disponível.
“Isso tira o peso das costas do governo e do setor elétrico de ter que construir uma infraestrutura de recarga massiva e imediata em um país continental como o nosso”, analisa Paulo Duarte, coordenador da TV Voz de Brasília. “O híbrido flex é a tradução perfeita da nossa realidade: aproveita a tecnologia global, mas se adapta e se potencializa com a nossa solução nacional, o etanol da cana-de-açúcar.”

Vantagens Econômicas e Sociais
A opção por um caminho que valoriza os biocombustíveis traz benefícios que vão além das emissões. A pesquisa indica que essa trajetória impulsiona o setor sucroenergético, gerando empregos e renda no campo, mantendo ativas as usinas que já são uma realidade produtiva no país. Enquanto isso, uma transição abrupta para os veículos elétricos puros demandaria investimentos bilionários em geração de energia elétrica, transmissão e pontos de recarga – um custo que, no fim das contas, seria repassado à sociedade.
“O estudo de Rochedo joga uma luz sobre o que especialistas do setor automotivo e de energias já sinalizavam: o Brasil não precisa importar um modelo. Temos que construir o nosso”, complementa Duarte. “A eletrificação é bem-vinda e faz parte do futuro, mas ela chega aqui como uma aliada, e não como uma substituta absoluta. O etanol é o nosso ‘petróleo verde’.”
Conclusão: Um Futuro Plural e Estratégico
A mensagem central do estudo é de pragmatismo e soberania energética. Em um momento em que grandes potências correm para eletrificar suas frotas, o Brasil possui uma alternativa consolidada, limpa e economicamente viável. A rota traçada pela pesquisa não ignora a revolução elétrica, mas a incorpora de forma inteligente e estratégica, posicionando o etanol e os híbridos flex como pilares de uma mobilidade verdadeiramente sustentável e adaptada às vocações nacionais.
A Garagem da Voz de Brasília acompanhará de perto os desdobramentos dessa discussão, que deve influenciar políticas públicas e os rumos da indústria automotiva no país.





Add Comment