Mesmo com casas destruídas, moradores permanecem próximos às residências para evitar furtos de móveis e eletrodomésticos.
A cidade de Rio Bonito do Iguaçu, a mais atingida pelo tornado que atingiu o Paraná na madrugada deste sábado (8), está incomunicável. O município amanheceu com edifícios, supermercados e árvores destruídos.
“A cidade está incomunicável”, relatou o jornalista Abel Silvério, da página Olho Vivo Paraná, que esteve no local durante a manhã e o início da tarde. Segundo ele, o cenário parece o de um filme de terror, já que a cidade está sem energia elétrica.
“A força do vento não derrubou apenas casas de madeira e telhados. Derrubou paredes de concreto, prédios de três andares, colégios, milhares de casas e até o edifício da prefeitura”, descreveu.
Carros e caminhões foram revirados e espalhados pelas ruas. O tornado atingiu a área central da cidade, inclusive uma parada de ônibus movimentada. Vidros e janelas de coletivos foram arrancados, e o prédio de um supermercado ficou destruído.
As ruas estão tomadas por entulhos, e o tráfego de curiosos tem dificultado o trabalho das equipes de resgate. “Muita gente sem ligação com o local está circulando por aqui, o que atrapalha na recuperação e na chegada de ajuda”, relatou Silvério.
Tragédia e perdas
Cinco pessoas morreram em Rio Bonito do Iguaçu, a cerca de 381 km de Curitiba, e uma em Guarapuava, a 256 km da capital. As vítimas em Rio Bonito são três homens, de 49, 57 e 83 anos, uma mulher de 47 e uma adolescente de 14 anos. A vítima de Guarapuava é um homem de 53 anos.
Uma das vítimas é a jovem Julia Kwapis, de 14 anos. Segundo o pai, Roberto Kwapis, ela foi surpreendida quando saía da casa de uma amiga na tarde de sexta-feira.
“O temporal foi muito rápido. Ela estava muito feliz, era uma filha muito querida”, disse emocionado.
Julia seria crismada na manhã deste sábado, e a família preparava um churrasco para comemorar. A última mensagem enviada pela adolescente ao pai falava justamente sobre a festa.
“Ela estava me perguntando o que iríamos fazer. Infelizmente, essa foi a última mensagem que troquei com ela, por volta das 16h45”, contou o pai.
Vigilância entre os escombros
Mesmo com as casas destruídas, muitos moradores permanecem próximos aos escombros para evitar furtos.
“As coisas estão espalhadas pelas ruas — geladeiras, móveis. Muitas pessoas me mandam mensagens pedindo informações de parentes, pais procurando seus filhos, porque não conseguem contato”, relatou Silvério.
Moradores de municípios vizinhos descreveram Rio Bonito do Iguaçu como uma “cidade que praticamente não existe mais”.
“Os desabrigados estão sendo levados para igrejas em Laranjeiras do Sul e para o Centro Universitário Campo Real Laranjeiras. Rio Bonito está como uma zona de guerra, como se fosse Irã e Iraque. A cidade vai ter que ser reconstruída”, afirmou César Minotto, comunicador e diretor do Portal Olho Vivo Paraná.
Cidade 90% destruída
Com cerca de 14 mil habitantes, Rio Bonito do Iguaçu foi 90% destruída. O governo do Paraná decretou estado de calamidade pública.
O número de desabrigados ainda está sendo contabilizado.
“Estamos preparando alojamentos para garantir o amparo às famílias”, declarou o governador Ratinho Junior (PSD).
Segundo o Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná), há fortes indícios de que os ventos ultrapassaram 250 km/h. O órgão classificou o tornado, de forma preliminar, como F2 — com ventos entre 180 km/h e 250 km/h. Caso a velocidade superior seja confirmada, o fenômeno será reclassificado como F3.
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