Levantamento aponta que deputados e senadores enviaram, desde 2023, ao menos R$ 13,5 milhões em emendas parlamentares para 31 clubes de futebol em diferentes estados. Os repasses cresceram especialmente a partir de 2024, após o Supremo Tribunal Federal (STF) reforçar o controle sobre verbas destinadas a ONGs e prefeituras.
O senador Renan Calheiros (MDB-AL), torcedor declarado do CSA, direcionou R$ 1 milhão ao clube alagoano. Parte do valor — R$ 652 mil — foi usada para pagar profissionais ligados tanto às categorias de base quanto ao elenco principal, incluindo técnico e fisioterapeutas. O parlamentar afirmou que a verba tinha como objetivo a formação de jogadores e defendeu investigação em caso de desvio de finalidade.
Outros nomes também beneficiaram times de coração. A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) destinou R$ 1,5 milhão ao Operário Futebol Clube, com R$ 1 milhão voltado ao time feminino. No interior de Minas Gerais, o Ideal Futebol Clube, de Ipatinga, recebeu R$ 2,5 milhões, superando as emendas destinadas à prefeitura local no mesmo período.
Em alguns casos, o valor enviado aos clubes superou o montante destinado aos municípios onde estão localizados. Em Divino (MG), por exemplo, o União Futebol Clube recebeu R$ 400 mil indicados pelo deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), enquanto a cidade não recebia emendas desde 2018.
As verbas são justificadas como incentivo a projetos sociais e categorias de base, mas em alguns casos também atendem demandas do futebol profissional. O Ministério do Esporte informou que, caso seja constatado uso indevido, os recursos deverão ser devolvidos.
O destino dessas emendas contrasta com indicadores sociais de algumas das cidades beneficiadas. Maceió, sede do CSA, está entre os 20 piores municípios do país em saneamento básico, e Ipatinga enfrenta problemas habitacionais que expõem milhares de pessoas a riscos climáticos.
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