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Trump anuncia tarifa de 100% sobre chips importados e gera incerteza no setor tecnológico

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (6) a imposição de uma tarifa de 100% sobre chips e semicondutores importados, componentes essenciais em eletrônicos, veículos e eletrodomésticos. A medida, no entanto, foi divulgada sem detalhes operacionais, o que gerou preocupação e incerteza entre fabricantes e empresas de tecnologia.

Em pronunciamento, Trump afirmou que a tarifa incidirá sobre “todos os chips e semicondutores que chegam aos EUA”, mas prometeu isenção para empresas que optarem por produzir os componentes dentro do país. O presidente, porém, não especificou quando a tarifa entrará em vigor, quais critérios definirão a produção local, nem se países aliados — como Japão, Coreia do Sul e membros da União Europeia — estarão isentos.

Impacto desigual

A iniciativa foi bem recebida por grandes empresas norte-americanas ou multinacionais com operações nos EUA. Segundo a Associated Press, o mercado interpretou a medida como favorável para gigantes como Intel, Nvidia, Samsung e TSMC, que já investem em fábricas em solo americano. O anúncio coincidiu com a divulgação, pela Apple, de novos investimentos no país, incluindo a fabricação de chips.

Em contrapartida, pequenos e médios fabricantes da Ásia e da Europa expressaram preocupação com os efeitos da tarifa. De acordo com o pesquisador Martin Chorzempa, do Peterson Institute for International Economics, muitas dessas empresas não têm escala ou capital para transferir suas operações aos EUA, tornando-se especialmente vulneráveis à nova política.

“Essas empresas produzem chips usados em produtos essenciais, como automóveis e eletrodomésticos. Elas não têm margem de lucro suficiente para absorver os custos da tarifa ou investir em fábricas nos EUA”, afirmou Chorzempa.

Possíveis efeitos nos preços

A medida também levanta dúvidas sobre como será feita a cobrança quando os chips estiverem incorporados a produtos acabados — como celulares, computadores e veículos. Caso cada chip precise ser tarifado individualmente, os custos e a burocracia para as importações podem aumentar.

Na Adafruit Industries, fabricante de eletrônicos em Nova York, a fundadora Limor Fried disse que a empresa está em compasso de espera. “Estamos aguardando uma orientação oficial. Os semicondutores são os componentes mais caros das nossas montagens. Qualquer aumento de custo terá impacto direto nos preços”, declarou.

Durante a pandemia, a escassez de chips provocou aumentos expressivos nos preços de veículos e eletrônicos, além de contribuir para o avanço da inflação global. Chorzempa alertou que o novo imposto pode encarecer os automóveis em “centenas de dólares”, dado o uso intensivo de semicondutores em sistemas como janelas elétricas, entretenimento, controle de energia e direção assistida.

Dependência global

Embora os EUA tenham criado o chip, hoje a produção dos modelos mais avançados está concentrada na Ásia, especialmente em Taiwan, que responde por cerca de 90% da fabricação global desses componentes. Esses chips são essenciais não só para eletrônicos do dia a dia, mas também para o desenvolvimento de inteligência artificial e sistemas militares.

Mesmo com a nova política de Trump, grande parte dos chips ainda pode chegar aos EUA incorporada a produtos finais — o que pode limitar a eficácia da medida, caso ela não contemple esses casos.