A crise entre os Poderes em Brasília se intensificou nesta semana após decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que atingiram diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro e o senador Marcos do Val (Podemos-ES).
Na segunda-feira (4), Moraes determinou a prisão domiciliar de Bolsonaro e impôs o uso de tornozeleira eletrônica a Do Val, além de outras medidas cautelares. As decisões, tomadas com poucas horas de diferença, provocaram reação imediata no Congresso Nacional, resultando em obstrução das atividades legislativas por parte da oposição.
Lideranças do Centrão e de partidos aliados a Bolsonaro classificaram as decisões como uma “interferência excessiva” do Judiciário sobre o Legislativo. A imposição de tornozeleira eletrônica a um senador em exercício, sem denúncia formal apresentada, foi considerada um “precedente perigoso” por parlamentares de diferentes espectros políticos.
Nos bastidores, a avaliação é de que o Supremo “abriu duas frentes de conflito” em um curto intervalo de tempo, agravando o impasse institucional. Aliados do ex-presidente argumentam que o relaxamento das medidas contra Do Val poderia ajudar a distensionar o ambiente no Legislativo.
Além da obstrução, parlamentares da oposição prometem incluir na pauta da Câmara um projeto de anistia para Bolsonaro e seus aliados investigados, além de intensificar a pressão pelo impeachment de Moraes no Senado.
A operação contra Marcos do Val ocorreu após seu retorno dos Estados Unidos, contrariando uma decisão anterior do STF que determinava a apreensão de seu passaporte. O senador passou a cumprir medidas como recolhimento domiciliar noturno, bloqueio de contas e suspensão do uso de recursos do gabinete parlamentar.
A reação no Congresso levou os presidentes das duas Casas, Davi Alcolumbre (Senado) e Hugo Motta (Câmara), a suspenderem as sessões previstas para esta semana e convocarem reuniões com lideranças partidárias. Ainda assim, não há consenso sobre uma saída negociada para a crise.
Enquanto isso, cresce a tensão entre os Poderes e aumentam as incertezas sobre o impacto político das medidas judiciais em um cenário já marcado pela polarização e por articulações com foco nas eleições de 2026.





Add Comment