O governo brasileiro, por meio do Itamaraty, intensificou contatos diplomáticos com os Estados Unidos para impedir que autoridades brasileiras — especialmente o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes — sejam alvo de sanções por parte do governo norte-americano. A informação, inicialmente divulgada pela GloboNews, foi confirmada pela BBC News Brasil nesta terça-feira (27/5).
Segundo fontes ouvidas sob condição de anonimato, diplomatas brasileiros vêm alertando o Departamento de Estado dos EUA de que qualquer medida punitiva seria vista como uma interferência em assuntos internos do país, o que poderia comprometer a relação bilateral.
A preocupação do Planalto aumentou após declarações do senador republicano Marco Rubio, que afirmou que o governo americano está estudando sanções com base na Lei Global Magnitsky, usada contra autoridades estrangeiras envolvidas em violações de direitos humanos. Rubio acusa Moraes de suprimir a liberdade de expressão de cidadãos e empresas americanas — acusação também sustentada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Eduardo Bolsonaro faz campanha contra Moraes nos EUA
A campanha por sanções a Moraes é encabeçada nos EUA por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, que se mudou para o país em março. Eduardo tem promovido encontros com parlamentares republicanos e aliados do ex-presidente Donald Trump, pedindo medidas contra o ministro do STF e acusando o Judiciário brasileiro de perseguição política.
A ofensiva de Eduardo também abrange o apoio ao projeto de lei “No Censors on our Shores Act”, que propõe a deportação ou proibição de entrada nos EUA de autoridades estrangeiras acusadas de violar a liberdade de expressão — o que incluiria Alexandre de Moraes.
Além disso, o magistrado virou alvo de uma ação movida na Flórida pela Trump Media & Technology Group (TMTG), junto à plataforma Rumble, que foi bloqueada no Brasil por ordem do ministro. A ação contesta sua autoridade para decidir sobre conteúdos veiculados pela plataforma.
Itamaraty evita escalar crise
Embora os contatos entre os diplomatas brasileiros e autoridades americanas estejam ocorrendo em alto nível, o governo Lula optou por manter discrição total sobre o conteúdo das conversas. A avaliação é de que uma escalada pública da crise poderia tornar a situação diplomática mais tensa.
Nos bastidores, o Planalto já traça possíveis respostas caso uma sanção seja formalizada. A mais provável seria um repúdio formal, por meio de nota oficial ou discurso de autoridades como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A retaliação direta ou sanções recíprocas estão descartadas, segundo fontes do Itamaraty.
STF reage e abre inquérito contra Eduardo Bolsonaro
A atuação de Eduardo Bolsonaro no exterior já teve repercussão no Brasil. Nesta segunda-feira (26/5), o STF, atendendo a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), abriu inquérito para apurar se o deputado licenciado tem atuado contra o Judiciário brasileiro em território estrangeiro.
Nas redes sociais, Eduardo reagiu dizendo que o país vive um “regime de exceção” e voltou a criticar o STF. Já o Partido dos Trabalhadores (PT) protocolou um pedido de cassação de seu mandato no Conselho de Ética da Câmara, mas o processo ainda não foi instaurado.
Lula e Trump devem se encontrar no G7?
Apesar da tensão diplomática, não há previsão de um encontro entre Lula e Donald Trump durante a Cúpula do G7, prevista para ocorrer de 15 a 17 de junho no Canadá. O Brasil, convidado como observador, não pretende formalizar pedido de reunião bilateral com o ex-presidente americano.
Voz de Brasília
Fonte: Correio Braziliense
Foto: foto da web





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